@blogleiturasdiarias 13/08/2020Fantasia estupenda!Bruxa Akata nos mostra porque sempre é tão gratificante as fantasias saírem dos famosos eixos de mitologias e ter representatividade. Sendo o primeiro volume da série Akata Witch, terminei querendo mais! E detalhe: há muito tempo não me encanto por um infanto-juvenil da forma como aconteceu com esse exemplar. Então acreditem, é maravilhoso!
Sunny é uma menina de 12 anos que anseia ter uma vida normal, o que está longe de acontecer. Filha de pais nigerianos e nascida nos Estados Unidos, ela sofre preconceito por seus colegas de escolas ao ser albina. Como se isso não bastasse, ela acaba de descobrir que faz parte de um mundo completamente diferente quando, em casa, ao olhar fixamente para a chama de uma vela se depara com uma cena drástica. Ela é uma pessoa-leopardo, uma pessoa com habilidades místicas. E como nunca foi iniciada ou soubesse da existência desse núcleo, ela precisará aprender e compreender seus poderes contando com a ajuda de três amigos também pessoas-leopardo.
Que desenvolvimento incrível! Talvez eu seja redundante daqui para frente por não ter palavras suficientes para elogios, porém não tem como não enaltecer um enredo riquíssimo e muito bem construído. Trazendo aspectos da mitologia africana, criando uma ambientação cheio de detalhes e pormenores, fica difícil qualquer leitor fã de fantasia colocar defeitos. É uma narrativa extremamente sólida na sua elaboração, com nomenclaturas e termos próprios, que na minha opinião fica indiscutível não ser a maior qualidade da obra. Conheceremos a riqueza que é a cultura africana e seus povos. Preparem-se para adentrar um universo ímpar e que não te faz largar páginas.
Vi muita comparação do contexto com a série Harry Potter, — inclusive internacionalmente é vendido como 'Harry Potter nigeriano' — e acho que esse tipo de paralelo às vezes ofusca o potencial de uma determinada leitura. Indiscutivelmente aqui teremos uma jornada de herói com altas aventuras, com um grupo de personagens principais, vilões, profecias entre outros elementos. Na minha opinião, isso não só se assemelham a esfera de Harry Potter, mas com vários outros que adentram essa conjuntura. Ademais, se gosta desse estilo de narrativa, esse livro é para você.
"— Lição número um — falou Anatov. — E essa é para todos vocês. Aprendam a aprender. Leiam as entrelinhas. Saibam o que reter e o que descartar. Sunny, nós não ensinamos do mesmo modo que as ovelhas. Livros fazem parte do aprendizado, mas a experiência é importante também. Todos vocês serão enviados para ver por si mesmos. Então vocês têm de saber como aprender." pág. 107
Sobre os protagonistas, temos um quarteto cheio de personalidade. Cada qual com suas características e peculiaridades, é interessante perceber como se complementam e suas qualidades e defeitos se sobrepõe tornando-os únicos. Sunny, Orlu, Chichi e Sasha formam uma equipe cativante! E falando especificamente da Sunny, acompanharemos seus percalços e receios ao tentar entender quem realmente é. Pensei que pela questão dela ter somente 12 anos me seria um fator negativo quando pesasse na balança suas ações, contudo entendi suas atitudes e escolhas, acreditando serem condizentes com a faixa etária que é indicada. Talvez seja promissor a autora explorar o amadurecimento deles nos sucessores.
Os desdobramentos nos levam a crer que algum momento teremos o ápice de toda situação criada, e o final é onde o encontraremos. Tenho a ressalva de achá-lo muito corrido e com demasiada informações relevantes em um curto espaço de páginas, no entanto nada que atrapalhe o todo. Esse fim é eletrizante e aguça a curiosidade para um possível sucessor — que nesse caso existe!
De uma forma geral, Bruxa Akata cumpre seu propósito de ser uma excelente leitura! Adicionado de uma forte presença do afrofuturismo, de dar voz a etnias que precisam ganhar mais aberturas dentro da literatura, ele se converte em um prato cheio. Recomendo de olhos fechados.
Na parte física a capa simboliza perfeitamente seu conteúdo, e a considero expressiva. A diagramação é a padrão da editora Record — limpa e espaçada, sendo confortável de ler — com pequenos detalhes que realçam essa parte interna. Não encontrei erros de revisão. A narrativa é feita em terceira pessoa pelo ponto de vista da Sunny.
"As pessoas-leopardos são diferentes. A única maneira que temos de ganhar chittim é aprendendo algo. Quanto mais se aprende, mais chittim se ganha. O conhecimento é o centro de todas as coisas." pág. 80
No aguardo da Galera Record lançar o próximo! Espero que tenham gostado.
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