Carous 17/11/2019Quando fica bom?Não há palavras para descrever o quanto estou decepcionada com este livro.
Eu estava muito animada para lê-lo. Não apenas porque foi apelidado como Harry Potter nigeriano - eu gosto de Harry Potter. Se bem que, gora que li o livro, entendi que não foi um "apelido carinhosamente" dado ao livro: há várias similaridades com a obra de JK Rowling. Mais referente aos termos do que à qualidade da escrita - perdão pela honestidade.
Mas é um livro escrito por uma autora negra e africana sobre uma garota negra e africana passado em um pais negro e africano com todos os personagens negros e africanos que abrange a diversa cultura e religião negra e africana. Sem estereótipos, sem má descrição da cor de pele dos personagens ou do cabelo, sem xenofobia.
Eu precisava ler um livro com essas características.
Nnebi ainda aborda suavemente machismo, racismo, colorismo e preconceito contra a cultura ocidental (do colonizador) de uma perspectiva negra e africana, o que é raro de ver na literatura e achei que enriqueceu a obra.
Infelizmente o enredo é interessante, mas a execução foi sem graça.
Eu gostei da Sunny e me identifiquei quando ela se irritava com os amigos ou seu professor soltar informações sobre o mundo mágico que eles estavam cansados de saber e ela não. Ficava sempre para ser explicado para ela mais tarde ou ela compreender depois que conhecesse esse mundo melhor. Mas a explicação nunca vinha ou era pouco esclarecedora.
Mas gostei de Sunny por outros motivos. Ela foi a única personagem bem retratada no livro. Tanto quando ainda desconhecia que era uma criatura mágica quanto depois. Suas reações eram reais e plausíveis.
Já os demais personagens...
Os amigos delas, Chichi, Sasha e Orlu foram mal aproveitados. Sim, porque cada um tinha uma história interessante que não foi explorada.
Depois de certo tempo eu perdi o interesse nessas crianças desinteressantes.
O professor e os mestres acadêmicos que guiavam as crianças são inacreditáveis. Zelo 0 com o bem estar deles. Total indiferença com a possibilidade deles morrerem na batalha contra o Chapéu Preto - uma batalha que as crianças eram jovens demais para participar e só saíram vitoriosas porque este é um livro de fantasia -.
Digo pra mim mesma que esse comportamento dos adultos é uma questão cultural. Talvez? Eu sou latina e aqui se superprotege os filhos até dizer chega. Talvez na nigeriana ninguém tem paciência para quem está começando ou para ter tato. Eles que lutem, foda-se total.
A única coisa crível em Anatov, professor de Sunny, foi sua incompetência. Já tive professores na escola que se achavam os melhores, mas não eram.
As aventuras, o inimigo que Sunny deveria derrotar com a ajuda dos amigos, os animais estranhos que só que não era ovelha via, diversos capítulos do livro em que Sunny e os amigos foram levados a diferentes locais, eventos e etc: não entendi o objetivo de nada disso. Ao final de cada situação parecia que REALMENTE não havia objetivo nenhum a não ser... mostrar ao leitor um pouco do mundo mágico. Talvez fosse isso? Eu não sei. De qualquer forma, tal qual as explicações que Sunny desejava, isso foi completamente superficial para me interessar.
O livro todo me deixou com a sensação de uma aventura que não veio. Quando o livro fica bom? Quando fica interessante? Quando vou me importar com cada cena que é mostrada? Acabou o livro e a resposta não veio.
Bruxa Akata não me deixou com a mínima curiosidade de ler a sequência. Vou pensar 2 vezes pra ver se dou uma chance a outro livro da autora. No momento parece impossível.