O fim de Eddy

O fim de Eddy Édouard Louis




Resenhas - O fim de Eddy


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thelondonriver 05/05/2023

Livro bem pesado mas bem bonito (e eu só leio coisa assim aparentemente).
A história é sobre um menino gay que nasceu e cresceu numa vila minúscula que parece que congelou em 1950 e que por causa disso ele comeu o pão que o diabo amassou.
O negócio é tão bizarro que eu tinha que ficar me lembrando que isso se passava no final dos anos 90, já pra 2000, o que torna tudo mais duro ainda, porque acaba sendo um pouco difícil processar que rolava tamanha intolerância e pensamento atrofiado já quase no século 21. Pior que ainda acontece né, mas nunca deixa de ser um tanto chocante, tendo em vista que esse tipo de coisa não deve ser normalizada.
Sobre a história e os personagens, eu achei muito interessante quando ele fala sobre as pessoas ao redor, como mesmo todo mundo se encaixando naquele contexto pobre e sem perspectiva, ainda assim cada uma dessas pessoas um dia teve algum sonho ou objetivo maior, que foi sufocado por aquele lugar. Como eu cresci no interior, numa cidade que mesmo não sendo tão pequena ainda conserva bastante características provincianas, consigo entender um pouco esse sentimento de querer sair dali pra conseguir recomeçar e ser você mesmo em outro lugar.
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nandex 26/01/2022

Angustiante e pesado
O Fim de Eddy trata das diversas formas de violência que pessoas LGBTQ sofrem desde a infância. Do meio familiar à escola, Eddy tem sua existência negada o tempo todo, seja pelo olhar pesado de seu pai sobre ele, seja pelos ataques diários dos dois temidos garotos.

Querendo ou não, me identifiquei muito com o Eddy em vários aspectos de sua vida. A relação com o pai que foi se perdendo ao longo dos anos com o despertar da sexualidade, a convivência com a violência gerada pela cultura conservadora do ?durão? predominante naquele vilarejo, o desejo constante de fugir daquilo tudo... Enfim, o autor soube trabalhar muito bem cada aspecto e desenvolver a empatia no leitor.

Além disso, outro ponto em que o livro me surpreendeu foi na fluidez da leitura, e isso se deve em grande parte pela escrita do Édouard, que é simplesmente impecável.

Entretanto, é necessário dizer que o autor é muito gráfico em algumas cenas extremamente pesadas e isso pode ser um gatilho pra muita gente.

O sentimento que prevalece durante a leitura é o de angústia, posso dizer que em nenhum momento do livro senti felicidade real pelo protagonista. Isso não quer dizer que o livro seja ruim, pelo contrário, obras que nos tirem de nossa zona de conforto e nos façam refletir sobre problemas sociais são extremamente necessárias, e essa é uma delas, por isso dou as 5 estrelas e recomendo DEMAISSS!
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EuGabes 11/09/2022

Um romance autobiográfico de destruir o coração de uma criança vivendo num ambiente insalubre com questões das quais ela não pode fugir. Não tem como ficar apertado com tudo o que acontece.
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Marcelo 20/01/2022

Resenha publicada no Booksgram @cellobooks ?
Este é um daqueles livros que balançam a gente.

Talvez pela proximidade das historias ou mesmo pelos dramas e sensibilidade com que o relato é escrito, este é um livro que gera muitos gatilhos e reflexões.

O fim de Eddy é um auto relato. O autor rememora a infância numa vila industrial da periferia da França, onde o machismo e a homofobia são a voz da sociedade.

Eddy relata as humilhações na familia, as surras na escola, a rejeição da sociedade por ser diferente, por ser sensível, por ser gay.

Ele se esforçou muito para se enquadrar no que a sociedade e a familia esperava dele. Repetia diariamente ?hoje vou ser durão? para tentar introjetar ?esta verdade? e tentar mudar o que ele era.

?Todas as manhãs, enquanto me arrumava no banheiro, eu repetia a mesma frase sem parar, tantas vezes que ela terminaria por perder o sentido, passaria a não ser mais do que uma sucessão de sílabas, de sons. Eu parava e retomava a frase: Hoje eu vou ser um durão. Eu me lembro porque eu repetia exatamente aquela frase, como se faz com uma oração, com aquelas exatas palavras ? Hoje eu vou ser um durão (e eu choro enquanto escrevo estas linhas: choro porque eu acho essa frase ridícula e horripilante, essa frase que, durante anos, me acompanhou e que de certa forma ocupou, não creio que haja exagero em dizer isso, o centro da minha vida).?

Com certeza muitos LGBTQIA+ já passaram por isso, tentando mudar suas vidas, suas realidades, suas essências, simplesmente para tentarem ser aceitas.

Uma leitura mais que recomendada: uma leitura necessária para todos, para transformarmos a sociedade em um organismo menos preconceituoso e mais livre.
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Livros da Julie 19/07/2021

O cotidiano de um jovem gay em uma sociedade antiquada, machista, violenta e preconceituosa
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"o sofrimento é simplesmente totalitário: ele faz com que tudo o que não se enquadra no seu sistema desapareça."
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"A gente nunca se acostuma às ofensas."
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"A gente sempre pensa - digo, diante desse tipo de cena: com um olhar de fora - na humilhação, na incompreensão, no medo, mas a gente não pensa na dor."
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"No vilarejo não bastava ser um durão, era preciso também fazer de seus filhos durões. Um pai reforçava sua identidade masculina por meio de seus filhos, aos quais ele devia transmitir seus valores viris"
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"Eu preferia passar uma imagem de garoto feliz. Eu fazia do silêncio meu aliado e, de certa forma, [*****]mplice daquela violência"
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"como se a juventude não fosse de forma alguma um dado biológico, uma simples questão de idade ou de momento de vida, mas uma espécie de privilégio reservado a quem pode - por sua situação - gozar de todas essas experiências, de todos os destinos que agrupamos sob o nome de adolescência."
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"Para um homem a violência era algo natural, evidente."
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"no vilarejo, as mulheres fazem filhos para se tornarem mulheres, senão elas não o são realmente."
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"o orgulho não é mais que a manifestação primeira da vergonha."
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"só existem incoerências para aquele que é incapaz de reconstruir as lógicas que produzem os discursos e as práticas."
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"A impossibilidade de fazer impedia a possibilidade de querer, o que por sua vez punha fim às possibilidades."
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"a pobreza, a falta de dinheiro, as crianças captam isso mais cedo do que se possa imaginar.
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"Os pais são os últimos a admitir que têm filho louco."
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"Essas palavras que o álcool faz brotar a gente nunca sabe se estão enterradas desde há muito, reprimidas dentro de quem as pronuncia, ou se elas não têm vínculo algum com a verdade"
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"o comportamento dos homens era imputado às mulheres, que teriam o dever de controlá-los"
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"a gente não pensa espontaneamente na fuga, porque ignora que exista outro lugar. A gente não sabe que a fuga é uma possibilidade. Em um primeiro momento, a gente tenta ser como os outros"
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"O crime não era fazer, mas ser. E, sobretudo, parecer ser."
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O fim de Eddy foi o livro escolhido para o mês de março no Clube de Leitura Paris de Histórias (#clubeparisdehistorias), promovido pelas @parisdehistorias e @pri_leitora, e é o primeiro livro do autor.

Trata-se de um romance autobiográfico, no qual Édouard nos conta como foi crescer em Hallencourt, uma pequena comuna operária de pouco mais de mil habitantes na região da Picardia, no norte da França. Poderia ser um relato bucólico, mas a primeira frase do livro deixa claro que não se trata de um: "De minha infância não guardo nenhuma lembrança feliz". Édouard é homossexual e fala de todas as dificuldades de se descobrir gay em um universo altamente machista.

O livro é dividido em duas partes: Picardia (fim dos anos 1990 - começo dos anos 2000) e O fracasso e a fuga. O autor possui uma forma muito própria de unir a voz do narrador à voz do personagem que está sendo citado. O uso de gírias, palavras vulgares e expressões informais demarcam a oralidade e caracterizam com perfeição o jeito de falar de cada um, fazendo com que a gente consiga visualizar e "ouvir" a cena.

A narrativa é extremamente rápida e fluida, o que contrabalança o peso da história, carregada de momentos um tanto chocantes, tensos e tristes. Entremeando lembranças do pai, da mãe, dos irmãos, da casa, da escola, dos vizinhos e amigos, o autor vai compondo a imagem de sua vida no vilarejo como se estivesse tecendo um cobertor. Porém, seu intuito é justamente o contrário: ele quer desfiar esse grosso tecido de culpa e opressão e finalmente se livrar desse fardo que o cobre.

Vítima de bullying e de violência física e psicológica, o autor-protagonista sofreu com o estigma de ser diferente, em aparência, gestos e atitudes ("Eles pensavam que eu tinha escolhido ser afeminado, como uma estética própria que eu tivesse perseguido afim de desagradá-los"). Sua adolescência foi um misto de resignação e revolta. Amargurado e desorientado, renegando com todas as forças suas "peculiaridades", Eddy travava uma luta interna contra si mesmo e enveredava pela obsessão de tentar ser "normal".

O livro aponta todos os sintomas de uma sociedade arcaica e patriarcal, afogada em suas mazelas econômicas e culturais. Édouard traz exemplos vívidos de alcoolismo e de todo tipo de abuso, próprios de quem se criou em meio ao ódio e à violência reproduzidos sem remorso e oriundos de um forte preconceito contra os representantes de qualquer minoria ou diversidade, fosse sexual, religiosa ou racial.

Os privilégios masculinos e o senso de pertencimento que unia os homens da região eram claros. As mulheres eram relegadas a outro plano e aqueles mais afortunados, que tinham recursos ou acesso a uma educação melhor, eram desprezados. As diferenças de sexo e de classe são nítidas e fortes demais para serem ignoradas.

Guardando uma leve lembrança com a ambientação do filme "Bem-vindo a Marly-Gomont", que conta a história de uma família de negros imigrantes, Édouard desenha um retrato pungente da vida dura e sofrida dos habitantes dessa França interiorana e conservadora, arraigados aos seus hábitos, avessos a qualquer tipo de mudança ou novidade, acorrentados às crenças de sempre e que perpetuam os mesmos comportamentos sociais e padrões machistas pelas gerações seguintes.

O fim de Eddy é um livro único e desconcertante, que mescla crueza e sensibilidade para alertar sobre a homofobia e suas consequências, que ainda hoje podem ser nefastas, irreversíveis ou afetar profundamente a formação da personalidade de um indivíduo. Cabe, por fim, o alerta de gatilho para quem já foi vítima de bullying ou violência, devido aos velhos sentimentos e emoções que o livro evoca.

site: https://www.instagram.com/p/CQUQMw3D_po/
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Klelber 26/08/2020

Pesado...
Quem é LGBT vai ser identificar com muitas histórias desse livro.
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Danilo 11/01/2021

Que livro!!
Uma história triste. Bom de ler. Vontade de finalizar rápido essa leitura. Mas sem querer finalizar rápido demais, pois criamos uma conexão com Eddy. Quando termino essa história, hoje já fazendo a digestão dessa leitura, ainda tenho um grande ponto de interrogação dentro de mim. E uma vontade forte de abraçar o autor, Édouard.

Neste livro encontramos a degradação do menino Eddy, tudo o que acontece com ele enquanto ele vive em um vilarejo no sul da França, com uma família bastante pobre, extremamente preconceituosa e homofobica, com vizinhos que seguem os mesmos pensamentos e com diversas agressões que Eddy sofre na escola. Tudo porque o nosso personagem principal já se entende desde criança, por mais que esteja sempre em conflito, como uma criança gay afeminada.
Nem preciso dizer que esse livro me tocou profundamente. É triste, sincero e verdadeiro, pois trata-se de um "relato" do próprio autor (Édouard Louis) pelo personagem Eddy (diminutivo de Èdouard).

Nous avons créé une connexion, moi et mon ami Henrique et Eddy, nous nous sommes assis tous les trois pour lire chaque chapitre.
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mauriloamml 01/11/2020

O livro apresenta uma França bem diferente da que estamos acostumados a acompanhar. Nada de cidades cosmopolitas com desfiles, alta gastronomia... Acompanhamos a vida de um garoto do interior do país em uma cidadezinha pobre e tacanha. É bem tocante seguir os passos de Eddy (descoberta da sua sexualidade) nesse ambiente machista e homofóbico.
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Mayandson 19/04/2020

"Da minha infância não guardo nenhuma lembrança feliz." (p.13)

Com essa frase, Eddy Bellegueule inicia a triste e emocionante história de sua infância, submetida as agressões, seja por sua sexualidade, seja pela subalterna vida que leva.

O Fim de Eddy, livro autobiográfico do autor Édouard Louis, é um romance francês ambientado num vilarejo ao norte do país, em seu período pós-industrial, nos fins dos anos 1990. Esse lugar, que deveria trazer memórias afetivas, traz apenas lembranças da vida miserável, dos insultos e das situações de extrema humilhação, motivadas pela sua fuga que não atendia a expectativa do homem másculo heterossexual.

Com um olhar maduro e sincero, Édouard consegue captar o que há de mais perverso do machismo, racismo e homofobia na sociedade. Através dessa percepção, mostra como a virilidade masculina é cobrada socialmente tanto em hábitos externos, como a forma de andar, falar, com quem ter amizades e que tipos de atividades ter afinidade, quando particularidades internas, com a demonstração de sentimento e até mesmo a idealização do sexo ideal e superdotado.
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Leonardo Lemes 05/02/2023

A FIM DE EDDY
Literatura francesa, contemporânea e autobiográfica. O enredo passa pela infância e adolescência do protagonista-autor e explora os anseios, desejos e sonhos formados durante todo esse período. Tratando de temática LGBT no espaço infantojuvenil, discute uma realidade marginalizada e atemporal de muitos sujeitos em formação. Constrói o aflorar da sexualidade e rebate teorias tradicionalistas de gênero. A narrativa, em sua completude, é sufocante e angustiante. Embora haja nuances do sentimento de liberdade, breves e singelos. O autor relaciona o estado de inércia da criança perante à determinadas situações, sem poder fugir ou ter qualquer controle de decisão sobre elas. Traz o drama familiar e a disfuncionalidade parental. Escancara o conservadorismo francês e tece críticas às diferentes camadas da sociedade. "Todas as manhãs, enquanto me arrumava no banheiro, eu repetia a mesma frase sem parar, tantas vezes que ela terminaria por perder o sentido, passaria a não ser mais do que uma sucessão de sílabas, de sons. Eu parava e retomava a frase: Hoje eu vou ser um durão."
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Alex_Cossta 23/08/2022

Passatempo razoável
O livro é uma espécie de autobiografia do autor, que relata sua vivência cruel enquanto menino pobre no interior da França. A leitura é fluida e o livro é bem escrito, porém esperava mais da narrativa. Não sinto que a leitura me agregou em algo, mas foi um passatempo razoável.
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petersevero 18/08/2022

Essa leitura é um soco no estômago!

A história retrata uma realidade bem difícil de um menino, da infância até a juventude, no hostil interior da França. Além de ter que lidar com todos os problemas decorrentes da precariedade financeira de sua família, os seus trejeitos e mais tarde o florescer da sua sexualidade tornam sua vida ainda mais complicada.

Algumas passagens são bem pesadas e gráficas, ás vezes eu tinha que fechar o livro um pouco e digerir o que tinha acabado de ler. A escrita do autor é muito boa, suas descrições conseguiam me transportar para dentro da história com facilidade.

Só achei o final um pouco abrupto, fiquei com a sensação que faltou alguma coisa. De qualquer forma, recomendo a leitura!
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