Desi Gusson 31/07/2018
Bem, isso foi constrangedor.
Cheguei cheia de amor pra dar, pronta pra ter um novo favorito na estante e sair contando pra todo mundo como eles precisavam desse livro em suas vidas. Graça e Fúria é meio que uma mistureba de O Conto da Aia, A Rainha Vermelha, A Seleção e literalmente qualquer coisa com um sultão e um harém envolvidos. Ele tem uma premissa ótima, e só a dedicatória já me deixou salivando, mas faltou algo.
Provavelmente outra pessoa no lugar da Nomi. Ela supostamente era a esperta, a rebelde, a irmã cheia de recursos... supostamente. Quando ela foi parar no palácio pensei “Agora ela vai fazer do Malacchi sua v@di$ e mostrar quem manda.” O que aconteceu foi um pouco diferente, e me deixou com ódio no coração a maioria do tempo.
Ingênua, tonta, insegura, inconstante e, pra não dizer outra coisa, não uma das personagens mais brilhantes que já vimos por aí. Suas escolhas não condiziam com o que ela ficava matutando e, pra uma moça dita sagaz e desesperada por individualidade, ela caiu direitinho em armadilhas que estavam GRITANDO “É UMA CILADA, BINO!” Foi frustrante pois, sinceramente, essa era a parte que eu mais queria ver.
Quem salvou foi Sarina, a outra irmã que passou a VIDA INTEIRA sendo ensinada a baixar a cabeça e não pensar muito no assunto. Em qualquer assunto, na verdade. Ela tinha um trabalho, ser bonita e vazia, e estava contente/resignada em conseguir isso. O que importava era ter a proteção e conforto do palácio e manter a irmã (aquela que devia ser dahora) longe de encrenca.
Quando as coisas vão ladeira abaixo pra ela, Sarina descobre uma força escondida, uma motivação até então desconhecida e luta, com unhas, dentes e uma postura reta, pra ajudar a irmã. Pois é, até ela sabia que a Nomi sozinha ia dar ruim. Os papéis se invertem e, de repente, eu estava esperando para ver o que aconteceria com ela. Só pra adiantar, sem dar spoilers, os capítulos da prisão são os melhores.
Bem, falemos sobre l’amour. Talvez fosse de se esperar que, após reler toda a série Corte de Espinhos e Rosas (Sarah J. Mass), dificilmente o próximo romance que apareceria na minha frente seria lindo. Pra mim não tem como ganhar de Feysand. E, de fato, o que encontrei em Graça e Fúria foi... morno. E totalmente instantâneo, do tipo “Viu, você está vendo a sua vida ir pra m&rd@, esse realmente é o melhor momento pra SUSPIRAR por alguém?!?!?”
No geral tudo pareceu um ensaio, um esboço do que o livro devia ter sido. Já li MUITA fantasia YA pra estar cansada de romances do nada e protagonistas teoricamente phodas, porém bobas. Resumindo, se a autora tivesse passado mais tempo debruçada nessa história, adicionado mais elementos ou pelo menos trabalhado mais nas suas personagens e na mudança radical que estava acontecendo na vida/cabeça delas (Oi, Sarina) as coisas provavelmente seriam melhores. É um livro sobre feminismo e sobre ser verdadeira consigo, mas apenas uma das irmãs atinge esse objetivo.
Na verdade, eu devia até avaliar com uma nota menor, a trama não é das mais originais, o plot twist (aquela reviravolta básica) foi tão previsível que eu vi ele chegando já na primeira interação dos personagens (sério, se você não viu, é porque você é novo no ramo da literatura) e as situações no geral são um apanhado de vários outros livros. Mas a tentativa de algo inspirador valeu. Como a esperança é a ultima que morre, vou ler a continuação, mas sem esperar cair da cadeira com ela.
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