Marina 08/02/2010O primeiro livro que li da Sebold foi a autobiografia dela. Naquele livro ela conta logo no primeiro capítulo um estupro violento que sofreu quando ainda era virgem. Em Uma vida interrompida, Susie Salmon é estuprada e assassinada logo no primeiro capítulo. Parece que é uma característica da autora já começar o livro de forma impactante. E para as pessoas sensíveis, se vocês conseguirem sobreviver ao primeiro capítulo, então certamente dará conta de ler o restante. Apenas o início é tão brutal. É impossível não ver ecos do próprio trauma da autora na fictícia Susie. Aliás, Alice Sebold estava escrevendo Uma vida interrompida, e parou no meio para escrever sua biografia, de forma que sua história não se misturasse com seu romance.
A partir do assassinato, a menina Susie passar a acompanhar a vida dos seus familiares do céu (ou algo parecido com isso) meio que de forma onisciente, já que sabe tudo o que estão sentindo e pensando. A família de Susie não consegue se desvencilhar da memória da perda da menina (o que causa alguns problemas entre eles) e Susie também não consegue deixar a família pra trás, por isso ela os "acompanha" durante anos, até que tudo esteja resolvido (o corpo e o assassino não foram encontrados pela polícia).
Apesar de parecer algo policial ou de mistério pela premissa, o livro é mais voltado pro drama, tanto familiar, quanto dos amigos de Susie que ficaram na terra. E da própria menina, que vive em seu próprio céu. Depois do início chocante, a história segue mais morna. Ora emociona, ora entedia. Achei a autobiografia mais consistente, mas de qualquer maneira é uma leitura válida e bonita, cuja adaptação para o cinema entra em cartaz esse mês.