Matheus 12/10/2020O livro é dividido em duas grandes partes, e possui como base elementos da realidade. Na primeira, o personagem principal é uma personificação do que seria Goethe, o autor, e a narração é feita com base nas experiências vividas por ele, sendo o tema principal a paixão nutrida por uma mulher já comprometida. Na segunda parte, Werther incorpora Karl Jerusalem, um conhecido de Goethe que passou por uma experiência semelhante de paixão não correspondida, mas que acabou por suicidar-se. Fato este que o escritor soube, curiosamente, por meio de correspondência com o marido de sua amada, afinal Goethe manteve fortes laços de amizade tanto com ele quanto com a moça, durante o tempo em que conviveram diretamente e após, através do envio de cartas. A segunda parte é, portanto, fruto da criatividade do autor para descrever toda a tristeza, desencanto e falta de perspectivas de Jerusalem em relação à vida, que o teriam levado ao seu trágico fim.
Com essa mistura dos elementos de duas vivências - a sua e de Jerusalem -, Goethe cria Werther, um personagem intenso que defende suas opiniões de maneira apaixonada, emocional, e que no início é alguém de fato encantado com a vida, a natureza e as pessoas. A amizade com Carlota - a Charlotte de Goethe -, por quem o homem se apaixona desde o momento em que a vê, é uma relação pura e verdadeira, porém Werther se ressente por não poder ter seus sentimentos correspondidos por ela, que tem em Alberto - o Johann Kestner da realidade - o amor de sua vida. O próprio rapaz reconhece as virtudes do marido de Carlota, que não é retratado como "vilão" em momento algum, mas sim como uma pessoa honesta e equilibrada. A sanidade de Werther passa a desgastar-se aos poucos, tornando seus pensamentos cada vez mais depressivos e irracionais.
Recomendo a todos que tenham curiosidade em conhecer essa que é uma grande história do Romantismo, e que me deixou muito interessado em ler as demais obras do autor.