Rhuan Maciel 20/05/2020
"Nós somos uma maneira de o cosmos se autoconhecer. Se somos feitos de poeira de estrelas sistematicamente organizada para formar seres dotados de consciência, então podemos dizer que somos o universo pensando sobre si próprio."
Após narrar inúmeros casos em que preponderavam superstições, crenças, senso comum e ignorância, Carl Sagan mostra que o pensamento cético é a cerne do livro inteiro. A necessidade humana de acreditar em coisas confortadoras vai de oposição à ciência, que é o principal instrumento para conhecer o mundo. Nossa sociedade está repleta de pseudociências, como: a ufologia, a astrologia, as religiões, a psicanálise, as mediunidades, as medicinas alternativas, a homeopatia, as curas pela fé, o criacionismo, dentre várias outras. Todas essas são tentativas de explicar o mundo, porém sem o rigor necessário para realmente explicá-lo. Uma das principais características da ciência é o não dogmatismo dos fatos científicos, ou seja, eles podem ser falseados assim que se provarem ineficazes ou imprecisos para explicar o que se deseja. Então, a ciência está em constante mudança, sempre tentando se aperfeiçoar. E além do rigor teórico, é possível demonstrá-la por meio da experimentação, o que a torna como sendo o meio mais plausível de conhecimento que podemos ter sobre o mundo. Mas também Sagan não está propondo um ceticismo total, o qual iria de contramão ao pensamento científico, e sim um ceticismo racional, para saber determinar quais proposições não são válidas e utilizam-se de falácias. E o cientista precisa ter um pouco de imaginação mesclada a esse ceticismo, procurando ser objetivo e conciso em suas análises. Obviamento, no livro é abordado uma questão política, a qual não compactuo tanto com Sagan. Por isso é preciso saber discernir entre a parte científica da parte ideológica. Como comunicador e incentivador do conhecimento e das práticas científicas, Carl Sagan é genial. Com certeza, O Mundo Assombrado pelos Demônios é um livro de leitura imprescindível.