@thereader2408 04/02/2022Soube do Billy Pilgrim? Ele ficou solto no tempo...O bombardeio a Dresden, durante a Segunda Guerra Mundial, foi lançado pelos aliados em 1945. Em quatro ataques-surpresa, 1.300 bombardeiros pesados lançaram mais de 3.900 toneladas de bombas na capital do estado alemão da Saxônia, considerada uma "Florença do Elba", orgulho da cultura alemã. Alega-se que Dresden tinha pouca ou nenhuma significância militar e que os ataques foram um bombardeio indiscriminado e sem necessidade.
Um soldado americano foi capturado pelos alemães em 1944 e mantido refém em Dresden, foi obrigado a trabalhar em uma fábrica de xarope de malte e a noite era mantido em um matadouro subterrâneo em condições insalubres, e isso salvou a vida dele. O nome desse soldado é Kurt Vonnegut.
Matadouro 5 foi publicado em 1969, em plena guerra do Vietnã, e figura como um livro anti guerra que caiu como uma "bomba" nos EUA e chegou a ser proibido em alguns estados americanos, o que deu "munição" para o forte movimento de contracultura da época (peace and love).
O protagonista da história é Billy Pilgrim, que acredita ter o poder de viajar no tempo. Billy lutou na SGM, foi preso em Dresden e sobreviveu ao bombardeio, depois da guerra ficou um tempo em uma instituição de saúde mental, eventualmente se casou e virou um optometrista. Pilgrim alega que foi abduzido por extraterrestres tralfamadorianos e mantido em um zoológico em Tralfamadore junto com uma ex-estrela do cinema pornô. Os aliens ensinaram para Billy sua filosofia de vida, seu jeito de ler o tempo, espaço e a encarar acontecimentos inevitáveis.
Pode soar louco e talvez difícil de entender, mas está longe disso. Louco sim, difícil não. A proposta do livro me lembrou "Arco Íris da gravidade" do Thomas Pynchon, que tem a mesma pegada de humor ácido, mas ao contrário de matadouro o livro do Pynchon é um calhamaço de linguagem difícil. Kurt, ao contrário, queria passar uma mensagem clara. O mantra "É assim mesmo” aparece 106 vezes no livro, transmitindo fatalismo, estoicismo, aceitação de uma história cíclica que tende a se repetir, mas que não conseguimos evitar. É assim mesmo.
@thereader2408