ArthurmalariA 30/03/2021
Nessa Longa Estrada da vida...
A Auto Estrada é o décimo livro publicado pelo Stephen King, o terceiro sob o pseudonimo Richard Bachman, lançado em 1981 e encontra-se no famigerado "Os Livros de Bachman", além de uma versão única, com uma introdução atualizada sobre o porque de ter sido Bachman. O livro conta a história do Bart Dawes, gerente de uma lavanderia, que se vê obrigado a "vender" a casa pra prefeitura, pois eles decidem passar uma extensão da auto estrada por onde está sua casa.
A escrita do King aqui é um pouco melhor do que em A Longa Marcha, de qualquer forma, o que ele tinha antes do lançamento não era uma versão completa dessa obra, o que deu a oportunidade pra ele de lapidar melhor para lançar esse. O livro é um pouco verde, como em A Longa Marcha, que tinha uma ótima idéia mas um desenvolvimento não tão bom assim. A Auto Estrada tem uma sub trama psicológica do Bart conversando com ele mesmo que até você perceber isso mais atrapalha e te confunde do que ajuda. Eu gostaria de ter uma forma melhor de falar do porque gostei desse livro, mas não encontro as palavras corretas, então, SEM EMBASAMENTO algum de psicologia, vou dizer o que eu penso a respeito e também o que gostei tanto a respeito dele. O Bart sente-se obrigado a perder sua casa, junto dela suas memórias, as lembranças de seu filho que morreu, as boas memórias de seu casamento que não anda tão bem, acredito que seja por sua mulher ter aceitado tão rápido a venda da casa, a morte do filho, enfim, senti nesse livro a proximidade do luto e da não aceitação em fazer algo obrigado. Talvez por eu mesmo estar sofrendo um luto agressivo, me soa que o personagem não podia desapegar disso tudo. Sobre fazer algo obrigado, é o terceiro livro de Bachman e o terceiro livro que fala de opressão, em Fùria ele fala de um garoto que era oprimido pela escola e seus amigos, em A Longa Marcha fala de um governo totalitário e uma disputa sem sentido capitaneada por militares, e aqui fala de uma prefeitura que decide tomar e pronto, você é obrigado a fazer o que te mandam. Eu imagino que um pouco disso reflita o mundo que Stephen King vivia quando era adolescente, as revoltas e tramas que essas histórias trazem são bastante adolescentes e com uma carga de violência mostram um King mais cru que em Carrie, e tenho certeza que teriam sido meus livros preferidos se eu tivesse lido quando era um adolescente. Como o momento que me encontro ao ler esse livro é propício, a violência e a melancolia que o personagem transmite ao longo desse livro, sua total desmotivação em seguir em frente e abandonar sua casa e a forma que ele lida com tudo isso foi onde eu me conectei com o personagem, e talvez o que eu mais gostei do livro. 8/10