Mari Doroteu 25/05/2021
Angústia e desconforto
Primeiro livro da Elena Ferrante que li e não sei se foi uma boa escolha. A escrita é muito boa, crua e direta, mas achei o livro muito angustiante e me deixou mal em vários momentos.
É um livro pequeno, mas apesar disso achei a leitura bem arrastada e até pensei em abandonar algumas vezes.
A história se passa na década de 60 e conta a história da Olga, uma mulher casada há 15 anos, com dois filhos, que se depara subitamente com o abandono de seu marido, para ficar com outra mulher.
O livro mostra como ela lida com esse abandono, o sofrimento que ela passou e como ela abriu mão de quase tudo na vida para se dedicar à família, que acabou se destroçando.
Traz muitas reflexões sobre a sociedade patriarcal em que vivemos e o que as mulheres se submetem para satisfazer os anseios sociais.
Foi uma leitura que me deixou muito desconfortável, com raiva, e incomodada.
Vemos momentos em que ela se culpa por tudo, culpa o marido, culpa a amante, se sente insegura, indesejada, e fica completamente desestabilizada, sobrecarregada e incapaz de dar conta de cuidar dos filhos e do cachorro.
Olga foi a vítima da história, mas o assustador é que, em vários momentos, ficamos horrorizados com as atitudes dela e isso acaba levantando sentimentos contraditórios em relação a ela. Ora sentimos pena, simpatia e empatia, ora sentimos raiva, nojo e ódio, e ficamos com vontade de sacudir ela.
Acredito que isso foi exatamente o misto de sentimentos que a autora quis passar ao mostrar a forma que Olga luta para se reconstruir como mulher e se adaptar a essa nova realidade, porém a leitura foi muito aflitiva pra mim e definitivamente não foi um livro prazeroso kkkkk
É horrível ver como após uma separação dessas a mulher ainda sai tachada de louca e e é muito mais julgada do que o homem.
Por conta disso, dei essa nota e definitivamente não releria.