Resenhas -

Thainazika 01/08/2023

Mulher-estrela
Tem um trecho do livro Ponciá Vicêncio, escrito por Conceição Evaristo, em que o pai da personagem principal, cujo o nome é o título da obra, fala para seu outro filho que as mulheres são estrelas que iluminam a escuridão que os homens trazem no peito. Ao ler e reler esse parte, me senti, por num momento, intensa. Achei isso tão bonito e sincero, visto que durante toda narrativa os homens são retratados como pessoas silenciosas, que quase não esboçam sentimentos. Ler essa passagem me fez querer ser estrela, e carregar comigo todas as associações positivas que o astro celeste possui. Quero iluminar, não que eu ache que as pessoas não deveriam brilhar por si só, mas eu quero contribuir para essa luz, amar de uma forma que incendeie e ilumine quem está do meu lado, ser uma estrela-maior, quem sabe até mesmo, o sol.

Giovanna 28/03/2023

Prosa poética lindíssima!
A Conceição Evaristo consegue narrar toda a complexidade de suas histórias de forma sútil e ao mesmo tempo intensa! Escrita muito fluída?
Recomendo a leitura desse livro e o ?Olhos d'água?, dá para sentir tudo o que os personagens vivenciam pelas diferenças sociais, econômicas e raciais, sem deixar de lado os elos de ternura e afeição que dão vida ao texto.

Do posfácio:

?O texto aborda a exploração que ainda existe na zona rural, fala do trabalho em regime de semi-escravidão, da exploração do trabalho do campo, do coronelismo, da migração do campo para as cidades, da indiferença da igreja com os sem-casa, do trabalho das empregadas domésticas, do analfabetismo e da vida nas favelas.?


?Os significados embutidos nas entrelinhas são bastante complexos e acabam nos remetendo às profundas buscas que as personagens fazem de si mesmas e ao questionamento do mundo ao seu redor. É muitas vezes a sutileza do que não foi dito ou explicado, ou aquilo que foi narrado apenas de soslaio que anuncia os processos de travessia emocional dos personagens e que enriquece o texto.?

carlos 28/04/2024

Ponciá Vivêncio
Sou suspeito em falar sobre essa divindade da literatura que é Conceição Evaristo mas novamente estou aqui para enaltecer essa pretona, como ela merece!
Já havia começado esse livro mas dei uma pausa e esse mês voltei e devorei ele de uma forma inexplicável?
A Conceição escreve sobre assuntos delicados e que perpassam a realidade negra brasileira de uma forma tão poética que eu fico atordoado, todos personagens escritos nesse livros são tão singelos mas tão profundos que eu fico abismado, a história de encontro, desencontro, ancestralidade de Ponciá, Luandir e Maria expõe a grandiosidade de Confeição Evaristo, e digo mais uma vez o quanto amo essa mulher!
?A vida era a mistura de todos e de tudo. Dos que foram, dos que estavam sendo e dos que viriam a ser.?

Marina318 19/07/2023

Apaixonada
AMEI a narração! A história é cheia de ?flashbacks? que vão completando o sentido do enredo, enrique demais a narrativa.
É curtinho, mas o enredo te prende demais e traz umas reflexões muito interessantes.
Faz MUITO jus a fama!!

João Pedro 29/04/2021

Conceição, né? Tem nem o que falar...
Mais uma obra da Conceição concluída e não cabe em palavras a imensidade do que essa mulher representa... ela consegue tocar no ponto mais fundo de quem lê e como o próprio posfácio diz: ela escolhe muito bem as palavras.
Primeiro livro dela que meu coração não ficou despedaçado, muito pelo contrário... ficou bem quentinho e feliz. Obrigado @Deus pelo prazer de viver na mesma época que essa deusa!

hiniamaria 02/12/2021

"quando voltou a si, ficou atordoada."
Muito difícil dar uma nota p esse livro mas, somente p fins de avaliação vou deixar em 5 estrelas.
No geral, a história é muito interessante e os saltos temporais ajudam muito a criar as camadas dos personagens, justificando p leitor as ações de cada um, mesmo que algumas não sejam aceitáveis.
De certa forma, acabei a leitura sentindo que faltava algo que eu não faço ideia do que possa ser, talvez seja só o vazio da personagem se espelhando em mim ksksk
De resto, mt bom

Milene 15/04/2021

Apesar de levantar vários temas problemáticos como exclusão social, emigração, violência doméstica, depressão; a narrativa é leve, poética, emocionante e forte.

Toni Nando 19/03/2021

Arrebatou
No romance de formação de Conceição Evaristo, Ponciá Vicêncio, lançado pela primeira vez em 2003, nos é apresentada a personagem Ponciá, que dá seu nome ao titulo do livro. É uma mulher que desde criança teve que lidar com muitas perdas: primeiro sua avó, depois o enlouquecimento e morte do avô. Seu pai e o seu avô sofreram as mais terríveis humilhações no final do período da escravidão, situações pelas quais nenhum ser humano deveria passar. Ponciá tinha uma ligação muito peculiar com seu avô, que morreu quando ela ainda era pequena: ela imitava seu jeito com o braço amputado, e até criou um boneco que seria a representação dele. Esse objeto se torna um tipo de amuleto, o qual ela deixa guardado na casa da mãe quando parte em busca de uma vida melhor na cidade. O que encontra, no entanto, é miséria, fome e mais humilhação.
Ponciá consegue um emprego, mas as coisas não melhoram como ela queria. Em seu casamento ela também passa por muitos problemas. Seu marido, um homem ignorante e brutalizado, a agride e pensa que ela tem algum problema mental, tudo isso porque Ponciá resolveu se isolar em sua mente e relembrar o passado. As poucas boas lembranças as quais lhe sobraram se tornam seu paraíso. Ela se recolhe como em transe e passa horas e horas na janela praticamente imóvel e silenciosa - tão silenciosa que seu marido (que pensa em interná-la) se incomoda a ponto de surrá-la. Nesses pensamentos, Ponciá se lembra de quando o conheceu e do quanto ele era bom para ela. Nos primeiros anos de casados ela foi muito feliz, mas logo as dificuldades mudaram o homem com quem ela vivia.
A historia que Conceição Evaristo nos traz é forte e impactante. Eu sofri junto com Ponciá e em vários momentos quis ser o amigo com quem ela poderia desabafar. A sensação de que poderíamos salvá-la mora conosco durante e muito após a leitura.

LIVRO: Ponciá Vicêncio
AUTORA: Conceição Evaristo
PUBLICAÇÃO: 3ª ED. Rio de Janeiro, 2017.
EDITORA: Pallas
ONDE SE PASSA: Brasil
DATA: 16 / 02 / 2021
NOTA: 10

Euler 16/04/2021

A paixão com que a Aline (que não consegui marcar) falou desse livro me despertou muita curiosidade, e talvez, se explique porque a narrativa tem na sua força de contar a poesia de carregar muita gente ao tempo em que se desenrola. Ponciá é uma personagem-imã e acompanhamos a trajetória de sua vida, que não se desloca da da sua mãe, do seu irmão, do seu avô. Os ancestrais neste livro completam a significação da leitura, me dando a sensação de que ninguém é sozinho. Ponciá é uma moça pobre que sai da terra dos negros para tentar a vida na cidade e após passar por tantas coisas, ela se desliga do mundo. Nesse período em que nós estamos querendo nos desconectar - eu mesmo só quero dormir- isso me bateu forte. Que poder é esse da vida que pode nos fazer murchar? Entretanto, Ponciá é muito mais, representa um país inteiro que está tentando, que segue vivo, mesmo que pareça que andando em círculos, seguimos rindo e chorando ao mesmo tempo. Arrisco a dizer que Bibiana e Belonísia do Torto Arado são desdobramentos de Ponciá, e juntas são as donas da nossa literatura atual??

Manu5 23/04/2022

A escrita como sempre impecável
Não tem o que falar com a escrita da conceição, olhos d'água ainda é meu favorito, mais esse história é muito boa, a personagem passa por muita coisa, esse livro tem cenas muito sensíveis, porém não me peguei tanto aos personagens, o final foi perfeito ??

Eliane 04/06/2022

Ponciá Vicêncio
Denso, marcante. História linda sobre ancestralidade, memória, família, reencontro. Tocou-me profundamente.

Margô 11/04/2021

Vida de Barro.
Fiz o histórico da leitura ( detalhes do que foi lido, deixei lá). Prefiro ocultar na resenha qualquer informação que venha a ser spoiler.
Mas algo, é impossível manter na penumbra: Amei esta leitura!

Senti uma leveza na estrutura do texto que contrasta paradoxalmente com a dureza das vidas descritas, com a crueza enxuta de adjetivos das cenas, dos dias e vidas, ida e vindas, dos que viveram nestas páginas tão bem sentidas, tão bem escritas;

Conceição Evaristo, agiu como um oleiro que dá vida ao barro, encravado no fundo do rio, e traz á tona uma obra de arte tão rica, tão singular, recheada de simbologias, de ancestralidade, e na defesa do que não deve ser esquecido, para que se tenha um melhor destino.

Linda obra!

natalianvn 04/08/2021

uma poesia em prosa, dolorida. sobre memória, ausência e presença. sobre os legados de um passado escravista.
evaristo conseguiu me tocar profundamente com essa história, chorei e sorri, e recomendo a todos essa leitura tão linda e triste.

gica:) 31/05/2021

Um dos melhores livros nacionais que já li!
Comecei a ler recentemente, e infelizmente não tenho muito o habito de ler livros nacionais, fiquei sempre muito traumatizada com leituras obrigatórias da escola, mas esse livro fez eu mudar minha perspectiva! Por ser uma leitura obrigatoria da minha escola, achei que não ia gostar, porém acabou se tornando uma leitura muito prazerosa! Super recomendo o livro pois me apresentou um pouco sobre a realidade brasileira (que não é a que eu vivo) e comecei a olhar as coisas com uma visão diferente! Um dos melhores livros que já li!

Carla 16/07/2023

Triste e poético
Uma das leituras obrigatórias da UFRGS.

Nessa história sensível vamos acompanhar a história de vida de Ponciá que nasceu na pobreza dos escravizados que ganharam a liberdade imaginária, mas que viveram igualmente presos aos grilhões dos coronéis.

Ponciá, pobre e triste, foi perdendo pessoas que amava, os sonhos e as ilusões de ser mais do que a vida oferecia.

Ao desgarrar-se de sua terra para viver na cidade, foi perdendo também a sanidade e a vontade de viver.

É uma escrita poética, mas cheia de tristeza e, principalmente, desesperança. Em uma relação entre o desejo do poder dos brancos e a verdade de suas raízes, a autora vai tecendo a percepção de Ponciá e de sua família de que a felicidade possível está nas relações de amor e no descobrimento de seu lugar na luta dos seus.