laosmy 30/04/2023
Ler ou não ler, eis a questão
Quando eu assisti uns vídeos que abordavam sobre o horror cósmico e toda sua imersão, eu logo me interessei na proposta e fiquei curiosa com os contos de H.p lovecraft. Um horror com monstros "clássicos" mas extremamente profundos, integrados numa narrativa psicológica, na qual o leitor e os personagens "vitimas" se igualam (?). O leitor não tem a capacidade de contestar se as aberrações são reais ou não, visto sua característica de representar muito bem os medos humanos e suas alucinações da própria realidade, visto a imensidão do universo e do cosmos e a medíocre existência humana. Trata-se de uma ideia que sugere que deuses, aberrações divinas de outra proporção, nos monitoram e nos perseguem sem termos a consciência disso. Acidentalmente, porém, inúmeras vítimas (os protagonistas de lovecraft) acabam, de alguma forma, entrando nesse "universo paralelo" ou tendo contato com essa imensidão. São muitas ideias que até hoje são exploradas na cultura pop moderna.
Indo a fundo, eu descobri, na realidade, um passado extremamente deturpado e problemático, afinal esse autor possuía mentalidades racista, misogina e antissemita.
Confesso que em primeira instância eu fiquei receosa em ler suas obras e contribuir financeiramente, então, fugindo de uma reflexão ética moralista, peguei emprestado de um amigo meu.
Eu acho que cada pessoa deve ter sua própria experiência e interpretação com H.p lovecraft, obviamente consciente e ligado à tudo, pois o impacto causado pelas suas obras é diretamente relacionado à visão do mundo da pessoa e sua sensibilidade. O cara escreve bem, prende o leitor numa narrativa inquietante e cada vez mais obscura. Vale lembrar, porém, dos inúmeros comentários preconceituosos e ofensivos que o autor traz principalmente em outras obras, como em o horror em red hook (uma metáfora, analogia a seu pensamento xenofóbico). Esse tipo de pensamento não pode ser ignorado ou esquecido, pois o autor sim é esse nível de "f.d.p".
A real é que todos somos livres para fazermos o que quiser (até onde a lei e a moral vão, ao menos), mas cabe ao leitor, caso queria se aventurar nesse universo criativo, ter uma conscientização prévia e uma criticidade boa para se envolver com H.p lovecraft (assim como Monteiro de Lobato, no brasil)
Ah sim, não é a toa que o mito de cthulhu ganhou tanta repercussão, a história realmente fica na cabeça.