mylenavelino 27/11/2022
Milhões de sentimentos e pensamentos fluindo a muitos km/h
Okay, talvez eu tenha tido uma pequena ressaca literária. Digo ?talvez? porque acredito que, na verdade, o motivo pelo qual eu não progredi em leitura é: faltou tempo entre minha rotina, meu trabalho, minhas viagens e algumas desventuras familiares.
Tinha 3 livros estabelecidos como meta para mês de Outubro que mal tirei da prateleira, empurrei-os para Novembro onde sequer os toquei e, veja bem, já estamos no final do mês e aqui estou escrevendo sobre um livro que nem estava na minha lista de ?quero ler?.
Talvez esse texto seja mais sobre mim do que o livro em si, mas certamente motivada por ele.
Queria começar (como se eu já não tivesse começado) dizendo que é muito engraçado por em palavras o que estou sentindo.
Primeiro porque é emocionante, de uma forma animada, o fato de que eu vou tornar isso real (sem sentir medo) e vou registrar aqui todos esses pensamentos que fluem numa velocidade de milhares de quilômetros por hora na certeza de que escreverei muito e ainda sim faltará bastante.
Eu tenho um ?lance? com a verbalização de situações e sentimentos. Uma vez que eu coloco isso para fora me dá a sensação de ter tornado tudo real e o fardo de ter que lidar com o que quer que seja.
Por esse motivo, eu sou do tipo que não fala nada e guarda tudo por não ter a coragem de lidar com o simples fato da vida que é ato de viver.
Passei anos sem escrever nada, apesar de amar fazê-lo. Estava presa dentro de mim e da minha mente apenas sorrindo e acenando.
A última vez que eu escrevi um texto, na intenção de tornar as coisas reais, foi há quase 4 anos, em uma das situações mais difíceis passadas por mim e ele foi direcionado, além de entregue, para quem havia me magoado.
Passei o ano em questão completamente perdida. Juntando os pedaços de quem eu havia sido pelo caminho e buscando novas possibilidades para quem eu poderia ser.
Os anos seguintes foram de inércia, a pandemia ajudou, mas sinto que encontrei boas versões em 2022.
Segundo motivo pelo qual é engraçado por em palavras o que eu estou sentido aqui no Skoob é que faço isso para 3 seguidores e é bem capaz que nem todos leiam hahahha mas de alguma forma me parecem testemunhas de tudo que eu tenho planejado fazer.
E vai ser muito bom ler isso daqui alguns anos!!!!
Tentarei agora falar, pelo menos um pouco, sobre o livro:
Eu li ?Como eu era antes de você? na fase da adolescência, bem antes do filme sair, mas não me lembro exatamente quando.
Eu li ?Depois de você?, se não me engano, muitos anos depois, mas perto do lançamento porque a minha tia me deu de presente.
?Ainda sou eu? foi lançado em 2018, mas eu só vi alguns anos depois na minha fase meio perdida e inerte e não tive interesse de lê-lo acabando por esquecê-lo, eventualmente.
Talvez ?Ainda sou eu? tivesse sido um bom livro pra minha fase recém perdida, um guia, mas penso que os livros nos encontram exatamente quando devem e ele me encontrou há 8 dias.
Viajei pra Florianópolis na intenção de encontrar umas amigas, que só chegaram na cidade mais de dois dias depois, me obrigando a ficar em um hostel.
O hostel era lindo, fora planejado de acordo com um desejo meu de me hospedar nele pela ótima infraestrutura.
Fiz o checkin e tive uma crise de pânico.
Estava sozinha num lugar cheio de gente desconhecida, fora da minha zona de conforto e em colapso. Enquanto rolava uma festa onde todos se divertiam eu me refugiei na biblioteca e me pus a ler ?Ainda sou eu?, o único livro que me chamou atenção (o que é absurdo uma vez que eu estava com o Kindle cheio de opções inacabadas). Durante a leitura eu ouvia o som da festa e me entristecia a cada batida de música porque meu coração gostaria de estar lá, conhecendo novas pessoas e me divertindo ao obter novas experiências, só que eu não consegui fazer com que meu corpo sentisse qualquer outra coisa a não ser pânico.
Assim, Louisa Clark foi minha companheira onde pude ver suas aventuras e desventuras na cidade de Nova Iorque. Pausei a leitura e me dirigi ao banho onde tive a oportunidade de conhecer e conversar com uma menina que também estava hospedada lá.
Eu me considero uma pessoa sociável e bastante falante, sou capaz de falar na mesma média em que escrevo esse texto que já está enorme e ficará ainda maior, mas para isso as pessoas precisam falar comigo primeiro e me dar abertura e confiança de que eu posso continuar nesse ritmo.
Assim, obtive duas companhias pra janta da sexta, pro sábado inteiro e pro domingo também.
Lara e Gabs, vocês não lerão isso mas sou grata por terem tocado meu coração (apesar de que tive outra crise de pânico durante a festa no domingo a noite e voltei para a biblioteca e para a história de Louisa Clark). Vocês me salvaram de uma final de semana que seria passado inteiro na cama ou na biblioteca em uma crise constante e sozinha.
Só para vocês, leitores, terem uma imagem do espírito da Lara e da Gabs: elas passaram 10 dias no Acre, numa vila indígena, sem acesso à internet. São experientes em colecionar memórias viajando (pedi a elas que sempre me incluíssem em suas próximas viagens pois é algo que eu quero muito fazer mas me falta companhia).
Enquanto ouvia sobre tudo que elas já tinham feito eu disse algo que eu constantemente repito: ?Me entristece já ter quase 25 anos e sentir que eu não fiz nada? e aí a Lara, com toda sua sabedoria, disse: ?Mas que bom que você ainda pode fazer né? simples assim, mas me trazendo uma perspectiva de ?A vida não acabou. O mundo continua aí. Você tem tempo pra fazer tudo que você quiser fazer, o fato de você não ter feito antes do 25 não significa nada? e minha mente meio que fez ?buuuum? e eu tô martelando isso há 8 dias.
Me despedi dessas meninas e encontrei minhas amigas, durante a semana tive conversas profundas com elas e li mais um pedaço. Hoje a tarde elas foram embora e eu tive que ficar sozinha no apto porque meu voo pra SP é só amanhã a noite.
Sozinha tive mais uma crise, de ansiedade dessa vez, estava num lugar onde estivera 100% confortável quando acompanhada e passei a me sentir uma estranha no ninho quando sozinha.
Comecei a ler a última parte da história de Louisa Clark na esperança de me sentir menos ansiosa e, com ela, obtive várias reflexões. A história acabou e encheu meu coração de segurança.
Como os títulos dos livros sugerem, a personagem principal era uma pessoa >antes< de alguém e teve que ser outra pessoa >depois< desse alguém, mas por fim descobriu que >ainda era ela< e não podia abrir mão disso por ninguém, quem quisesse que a acompanhasse.
Assim, tomo liberdade para trazer alguns trechos do livro que falaram comigo:
?Toda essa bobagem sobre as mulheres poderem ter tudo? Nunca pudemos e provavelmente nunca teremos. As mulheres sempre têm que fazer as escolhas mais difíceis?.
?Parecia haver um preço muito alto para qualquer coisa que uma mulher escolhesse fazer com a própria vida, a menos que se contentasse em querer pouco?.
?Mulher à frente de seu tempo, havia construído um muro para dizer a si mesma que tudo fora por um objetivo. E, no momento em que (?), ela derrubará aquele muro sem nem olhar para trás?.
?Durante toda a minha vida, acabei tomando conta de outras pessoas, me moldando às necessidades e aos desejos delas. Sou boa nisso. Faço sem sequer perceber?.
?Há tantas versões de nós mesmos que podemos escolher ser. Em certo momento, minha vida estava destinada a ser levada da forma mais medíocre. Aprendi que não precisava ser assim?.
Voltando para as minhas próprias palavras na esperança de já estar finalizando:
Na última citação, sobre haver tantas versões de nós, chamou muito minha atenção porque me fez lembrar (e sentir) de uma parte do último texto que escrevi há 4 anos. Eu mencionei sobre realidades paralelas e que, em alguma delas, tudo teria dado certo.
Me apeguei nisso junto da esperança de ser uma verdade e negligenciei a única realidade que vivo na qual tenho controle, mesmo que mínimo.
Amo pensar que nós nos achamos grandes e que nossos problema são maiores ainda, mas somos minúsculos diante do universo todo.
Célula da célula.
Abrindo espaço para a última citação do livro: ?O centro do mundo [estava] cuidando da sua própria vida. Um milhão de vidas abaixo de mim, um milhão de corações partidos em maior e menor grau, histórias de alegria, de perda e de sobrevivência, um milhão de pequenas vitórias todos os dias?.
O livro acabou, mas eu sinto ter resgatado uma parte de mim enquanto via a Louisa Clark resgatando a parte dela e esse texto enorme é prova disso. Me sinto corajosa.
Pode ser que, visto de fora, minha rotina não mude tanto, mas pode ser que mude. Independente disso, algo aqui dentro mudou e é o que importa.
Escrevo isso pra tornar real o fato de que eu ainda estou aqui. Eu. Ainda. Estou. Aqui.
Há Vida aqui.
Obrigada Universo por todo o trajeto até este livro. Um obrigada a todos que leram isso aqui também.
PS: A fim de tranquiliza-los, caso tenha preocupado alguém, pretendo voltar a terapia kkkkkkkkk