Fernando Lafaiete 04/01/2018Ordem Vermelha: Uma fantasia nacional de alto nível!
Ordem Vermelha: Filhos da Degradação, primeiro lançamento da CCXP, era um dos lançamentos que eu mais tinha vontade de ler; mas confesso que não tinha muitas expectativas em relação à história e principalmente em relação à escrita do autor.
Felipe Castilho tem uma escrita madura, forte e bem envolvente. O mundo de Ordem Vermelha é árido, cruel e bem palpável. Eras atrás todos os seres viviam em paz até os humanos corromperem a todos e iniciar uma guerra entre as raças. Revoltados com os mortais, os deuses puniram e destruiram a todos. Alguns seres mágicos foram deformados e outros tiveram seus dons anulados. O único lugar onde se é permitido viver é Untherak, uma cidade brutal governado por Una, a Deusa proveniente da União de todos os Deuses. Nesta cidade não existe liberdade e todos são escravizados; seja direta ou indiretamente.
Como em toda história de tirania, nesta fantasia também existem aqueles que não aceitam tal situação. Mas o que fazer? Como lutar contra uma Deusa? Para onde ir, sendo que fora de Untherak só existe o deserto?
Ordem Vermelha é um livro onde a diversidade domina. Existem personagens andróginos, negros, gays, gênero fluído e todos com destaque na narrativa. As personagens femininas são muito bem trabalhadas e a força dessas mulheres é contagiante. Raazi e Yanash já surpreendem nas primeiras páginas. São determinadas, destemidas, corajosas e poderosas. Aelian Oruz, o principal personagem é um rapaz lento, fraco em um primeiro momento, mas bem desenvolvido.
As cenas de ação são bacanas e os vilões são excelentes. Várias raças são apresentadas e o sistema de magia oscila entre o confuso e o fascinante.
Senti falta de um background maior a respeito dos personagens. A amizade entre eles acontece muito rápido e as vezes essas relações não me soaram muito sólidas. Entretanto, gostei demais da história no geral e este aspecto acabou se tornando um detalhe digerivel.
Ordem Vermelha: Filhos da Degradação é um livro sobre um grupo oprimido de personagens lutando para derrubar uma tirana. Este plot se assemelha muito com Mistborn de Brandon Sanderson, e as semelhanças vão muito além de apenas o plot principal. O sucesso desta obra não é somente um hype injustificável. O livro é bem escrito, os personagens são bem inseridos, as cenas de ação convencem e os plot-twists são mais que funcionais.
O final me deixou meio confuso por apresentar uma revelação completamente inesperada. Eu tive que reler o final antes do epílogo pra ver se tinha perdido alguma coisa. Fiquei revoltado e ao mesmo tempo desesperado para ler a continuação. Se iniciei a leitura deste primeiro volume esperando nada, o mesmo não acontecerá com o próximo. Se será bom eu não sei, mas Ordem Vermelha já configura na minha lista de fantasias favoritas e estou na torcida para que o mesmo aconteça com o próximo.
Termino a leitura sem entender muita coisa, cheio de perguntas e ávido por respostas. Que o segundo livro me surpreenda mais que o primeiro. E pra quem gosta de fantasia; leia sem medo. Livro nacional que não deve nada para as fantasias internacionais.