@wesleisalgado 11/03/2021ViadinhoPercebeu como você se sentiu ao ler essa palavra? Independente do seu sexo, ela causou uma reação em você, não causou? Quase uma reação física de desconforto. E não foi boa, foi? É exatamente assim que eu me senti lendo O Fim de Eddy.
Romance onde o autor narra a infância (sua) em um bairro operário francês nos idos dos anos 90. Eddy, o garoto que não se encaixa, desconfortável no próprio corpo, com trejeitos afeminados e por isso rechaçado por todos, inclusive sua família.
O livro tem vários socos no estômago e expõe algumas verdades difíceis de ler. Para quem, como eu, teve a infância nos anos 90, se lembra que na escola todo mundo mexia com todo mundo, e os problemas eram resolvidos ali, sendo que bullying nem era uma palavra conhecida. E eu fiquei pensando depois, várias pessoas (eu inclusive) conseguem rir das coisas que aconteceram na escola durante a infância, mas e as pessoas que não conseguem, até mesmo hoje?
É exatamente aí que o livro coloca o dedo na ferida. Leitura não necessariamente agradável, mas acho que, precisa.
"-É você o veado?
Quando a pronunciaram, eles a inscreveram em mim para sempre, como um estigma, aquelas marcas que os gregos infligiriam a ferro em brasa ou a faca no corpo dos indivíduos desviantes, perigosos para a comunidade. E percebi a impossibilidade de me desfazer desse estigma. Foi a surpresa que me atravessou, mesmo que aquela não fosse a primeira vez que me diziam algo semelhante.
A gente nunca se acostuma às ofensas."