Dhiego Morais 13/07/2020Motivos para lerEmily Carrol é uma importante quadrinista canadense contemporânea, dona de uma série de quadrinhos curtos publicados em seu site e em diversas antologias. Graças ao seu trabalho de estreia, Floresta dos Medos debuta brilhantemente com prêmios de peso, tais como o desejado Eisner e o British Fantasy Award.
Pelas mãos da amada Caveirinha, Darkside Books, os leitores podem aguardar um lançamento primoroso, produzido com todo o carinho e, claro, no padrão de qualidade da editora, já amplamente conhecido pelo público.
Então, por que ler esse quadrinho? A seguir eu te apresento bons sustos, digo, bons tópicos para que você decida se deve se jogar nessa história.
SUSTO N° 1: QUANDO O MACABRO VESTE O GÓTICO E O VITORIANO
Uma das coisas mais interessantes nesse quadrinho é a habilidade de Carrol em tecer suas histórias com um mesmo fio na cor do gótico e vitoriano. Com temas diversos, a ambientação segue com ares próximos do macabro, ponto curioso que gera não os sustos gratuitos tão convencionais do cinema, mas promove a germinação de um medo que se enraíza e devora o emocional pouco a pouco.
SUSTO N° 2: CINCO HISTÓRIAS E UM POUCO MAIS
Em seu álbum de estreia, a autora entrega aos seus calorosos fãs uma coletânea de 5 histórias recheadas de suspense, que versam desde os perigos de ficar sozinho em casa, em noite de nevasca, até as estranhezas de se conhecer pela primeira vez a noiva de seu irmão mais velho, após um tempo solitário no internato. O sobrenatural conversa surpreendentemente bem com as mitologias cotidianas, os medos sorrateiros de ser, de fato, humano.
Ah, sim, além das cinco histórias assustadoras, Floresta dos Medos conta com uma historinha curta chamada Uma Introdução, que traduz sombriamente a posição de ser leitor. Por fim, há também uma Conclusão, que resgata o teor macabro das histórias de Era uma vez.
SUSTO N° 3: ARTE QUE HIPNOTIZA
Emily Carrol é uma quadrinista experiente e sabe bem como desenvolver sua arte para que aproveite da melhor maneira do que o roteiro deseja transparecer. Sendo assim, o leitor de Floresta dos Medos deverá encontrar ilustrações cartunescas bastante expressivas, que abusam dos tons mais escuros e dos sombreados para personificar o gótico e o macabro. O letreiramento invade quadrinhos e se distorce e se contorce com frequência, tal como um sussurro ou um murmúrio do além. Não é difícil mergulhar de cabeça na história com uma combinação tão agradável.
SUSTO N° 4: SENSAÇÕES ESTRANHAS
O medo nas histórias de Floresta dos Medos é bastante subjetivo e até mesmo imagético. O risco da dúvida, do “e se isso fosse verdade ou realmente acontecesse” alimenta os motores da mente que trabalham para desestabilizar o subconsciente. Carrol sabe bem como ilustrar seus contos de terror e entende que o susto e o medo não são resultado de cenas grotescas ou de um banho de sangue, mas sim da capacidade de promover, de estimular sensações estranhas naquele que lê, naquele visualiza. A incapacidade de explicar os motivos de tais medos, assim como a furtuidade desses acontecimentos somente agrega no resultado esperado: a germinação de uma verdadeira floresta de medos no coração e na mente do leitor.
Não são sustos para que você pule do sofá ou pare de balançar os pés na cama. Em Floresta dos Medos, cada cantinho pode acomodar uma série de pesadelos; cada olhar, um desejo de assassinato. Se estiver preparado, entre na floresta. No fim, talvez você volte ileso.
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https://skullgeek.com.br/resenhas/4-sustos-para-te-encorajar-a-ler-a-floresta-dos-medos/