Glenda 13/02/2022Nunca fui muito fã de contos, sempre preferi romances ou mesmo novelas. A brevidade dos contos sempre me irritou. Das duas uma: ou não há tempo suficiente para se criar laços com os personagens ou o laço que se cria é rompido cedo demais porque a história se encerra.
Por isso peguei No seu pescoço pra ler somente porque o nome Chimamanda é recomendação por si só, mas confesso que sem muita empolgação. E, mais uma vez, ela não decepciona.
Aqui, Chimamanda narra doze histórias, somente uma com protagonista masculino, cada uma mais envolvente que a outra. Elas giram em torno de temáticas esperadas, como imigração, racismo, política, assédio, relações familiares. Todas tratadas do ponto de vista do indivíduo, o que pode trazer seu viés cômico, como a forma como ela narra a irritante condescendência dos brancos americanos liberais para com os negros africanos, ou mais trágico, como as perdas pessoais sofridas num conflito religioso.
Em cada conto me apeguei aos personagens, à sua humanidade. Nos primeiros, senti a costumeira irritação por a história se encerrar, pelo que parecia, cedo demais. Mas, depois, acho que me adaptei ao formato, pois, mesmo envolvida, aceitava (e até gostava) da subjetividade de cada fim "prematuro". Em mim, causou mais sensação de realidade.
Sigo fã da Chimamanda e sempre me animarei pra ler qualquer coisa que ela escreva, seja um romance incrível como Americanah, um ensaio com um quê de egocentrismo como Para educar crianças feministas, ou um conto como No seu pescoço, o mais sensível dos doze que compõem esse livro e que deu nome a ele.