Guilherme.Santos 25/01/2024
MISTER: uma verdadeira furada...
Em geral, todas as vezes que leio livros ou tento escrever um, eu
sempre falo que o primeiro capítulo é uma espécie de carta de
apresentação do seu mundo. Dito isso, eu procuro ler livros já pensando
nessa lógica de que o autor da obra inseriu elementos que persistirão nos
próximos capítulo.
Eu li MISTER da E.L. James, e gostaria de comentar a minha
experiência nada satisfeita. Devo ressaltar que não me simpatizo com este
gênero literário. Em contrapartida, encontrei o exemplar em promoção na
Prime Day da Amazon e resolvi comprar para descobrir se é uma obra boa.
Por ser uma experiência nova para mim, achei que seria divertido
compartilhá-la.
Definitivamente, gosto de livros que tenham um pouco de suspense,
de tragédia, de mistério, talvez um pouco de fantasia ? como é o caso da
saga de As Crônicas De Gelo E Fogo, um livro fantástico de George R.R.
Martin ?, então minha crítica gira em torno desse meu gosto literário.
De imediato, o livro possui um prólogo, que apesar de muito curto,
cerca de uma página, foi muito bem estruturado. Há um tom de mistério
bem forte que deixa um ar de ?O que está acontecendo??. Isso vira uma
espécie de gancho para levar o leitor para entender a situação ocorrida no
prólogo. Na maioria das vezes, os autores costumam inserir um pedaço
aleatório com tom misterioso e ?pegajoso? para empurrar o leitor para
frente, como foi o caso desse livro.
O primeiro capítulo do livro, eu poderia defini-lo como
pornográfico. Não. Talvez um pouco sexista demais. Não conheço muito o
trabalho da E.L. James. Sei que escreveu o grande romance que ganhou a adaptação de Cinquenta Tons De Cinza. Mas de início, não encontrei nenhum
elemento novo no livro. Se ela tem o costume de escrever livros neste tipo
de gênero, não trouxe novidade alguma.
Basicamente, o livro de início, trouxe elementos que comprometem
o futuro da trama do romance. Maxim, que é o personagem principal, é
um homem extremamente machista, sexista, mulherengo e desagradável.
Muito sem sal. Pensa num personagem desagradável! Ele vive uma vida
de luxo às custas da herança do falecido irmão, cujo a esposa ele se deita.
Eu falo ?se deita?, para não falar o que é dito de forma direta pela própria
escritora. Além de dormir com a esposa, ou melhor, com a viúva do irmão,
ele ainda possui vários pensamentos contraditórios de seus atos sexuais
infiéis e detestáveis com a própria cunhada. E para se sentir menos
culpado com a situação, ele tem a grandiosa ideia de conhecer outras mulheres por um aplicativo de relacionamento, as usando como objetos.
As mulheres feministas irão amar este livro!
O primeiro capítulo do livro só me deu mais receio de que eu gastei
R$10,50 à toa, porque não me trouxe nada que possa realmente prender
o leitor neste romance. Realmente, até o momento, o primeiro capítulo
me trouxe a impressão de que o livro não está valendo sequer os dez reais
que gastei.
Toda vez que lemos um livro ou assistimos a um filme ou série, a
gente sabe que a maior preocupação do escritor é sempre tornar o
personagem principal agradável aos olhos de quem está lendo ou
assistindo, como é o caso do filme da Cruella ou da Malévola, que são vilãs
mas trazem essa sensação empática. No caso do livro... não! Não é o que
vemos. O personagem é tão agradável e carismático quanto a Patricia
Poeta apresentando o Encontro, talvez um pouquinho mais egocêntrico.
Eu senti ódio dele, já no primeiro parágrafo.
Poderia listar pontos agradáveis sobre o livro, mas não
encontrei ou minerei algo que possa fazer esta crítica mais positiva. A
impressão é ruim; a capa está horrorosa, ? tentei procurar a capa original
na internet, mas não encontrei, ? então definitivamente, se essa capa for
exclusiva da versão brasileira, eu tenho que confessar que ela é ridícula,
na verdade, está um pouco pior que ridícula. Não dá para diferenciar qual
é o título e qual é o nome da autora; aliás o contraste de cores que o
designer gráfico usou está tenebroso.
Em resumo, se as próximas páginas destacar apenas este
personagem, vou ter de preparar meus lenços de papel e minha paciência
para ter que aguentá-lo durante o resto do romance.